Lucas conta a história do cumprimento do ritual da lei judaica por Maria e José. Jesus, assim como todos os outros judeus, foi circuncidado após oito dias de seu nascimento. Ao passar o tempo de resguardo, Maria acompanhada de seu marido levou seu filho ao templo a fim de apresentá-lo a Deus.
Lucas descreve dois personagens com muita importância da sociedade judaica: o sacerdote e o profeta. O primeiro é representado por Simeão, homem justo e piedoso que almejava a consolação de Israel. Existia uma revelação para sua vida que não morreria sem ter a oportunidade de ver o Cristo. Nesse momento, a profecia é cumprida. Simeão exclama um cântico de salvação: “Ó soberano! Como prometeste, podes agora despedir em paz o teu servo”. Esse cântico aparentemente trata da morte do Simeão, mas se analisarmos a fundo veremos que se trata da morte do sacerdote. Com o nascimento de Jesus não haveria mais a necessidade de um sacerdote no templo, a função de Simeão foi substituita, pois Jesus é o novo sacerdote.
A segunda personagem é a Ana, profetiza e viúva que orava incessantemente no templo. De igual modo, Ana já não mais profetizava, pois a profecia estava cumprida. Ela simplesmente anunciava a glória de Deus aos que se aproximavam.
Os dois personagens citados anteriormente dão testemunho no templo, anunciam a chegada do Salvador. Temos, então, um terceiro elemento contemplado no texto de Lucas: o templo, estabelecimento santo. O templo era um local onde eles não poderiam blasfemar. Era um lugar de legislação, de adoração, local santo onde Deus se manifestava.
Todos esses itens -sacerdote, profeta e templo- eram estruturas fundamentais na sociedade local. Lucas trás a proposta de que em Jesus todo ritual é derrubado e é construído um novo conceito. Ele apresenta Jesus, através da confirmação de Simão, como o novo sacerdote; através da confirmação de Ana, como o novo profeta; e como novo templo, por Jesus estar como templo em nossos corações, Ele é capaz de sondar a intimidade de nossos pensamentos, anseios e desejos. Lucas demonstra aos Gentios uma nova possibilidade de acesso a Deus, não pelos ritos ou estruturas, mas por meio de Jesus.
A função do sacerdote era fazer a mediação entre os homens impuros e Deus; a do profeta era ser a boca de Deus entre os homens; a do templo era ser o local de adoração a Deus.
Em Jesus nós temos o verdadeiro sacerdote, mediador entre Deus e os homens.
Em Jesus, nós temos a palavra de Deus encarnada entre os homens.
Em Jesus, nós temos a oportunidade de fazer do nosso coração o templo de adoração a Deus.
Ele é o sacerdote pleno, o profeta misericordioso e o templo em nós.
[Esse texto faz parte da série de estudos do livro de Lucas. Autor: Calebe Ribeiro e Gabriele Sant'Anna. Leia a comente]
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