quarta-feira

O ÚLTIMO SOBREVIVENTE

Acordou repentinamente, quase caiu da cama, parecia que havia tomado um susto. Saiu chamando pelos parentes da casa, mas não encontrou ninguém, imaginou que tinham saído para trabalhar. Foi até a rua e se espantou com o silêncio, percebeu depois de alguns minutos que nem seu cachorro estava ali, achou muito estranho e foi questionar o vizinho, mas não havia ninguém na casa. Correu até a padaria para comprar o seu café matinal, essa sim estava aberta, mas totalmente vazia. Foi então que achou tudo muito estranho e decidido, voltou para sua casa.

Ligou a TV em busca de informações, mas só ouvia chiados em todos os canais. Tentou rádio, internet, mas tudo estava fora do ar. Pensou em ligar para algumas pessoas, mas tudo fora de área. Foi então que imaginou ser aquilo tudo um sonho, e então decidiu voltar a dormir para acordar daquela desordem. Dormiu e poucas horas depois acordou, mas tudo estava igual. Desesperado pegou o carro e foi até a polícia, já até sabia o que iria encontrar, mas tinha uma ponta de esperança, todavia, tudo estava deserto. Tentou hospitais, igrejas, presídios, prefeituras, clínicas, shopping Center, lojas, restaurantes até o aeroporto, mas tudo estava silenciosamente vazio.

Só depois de algumas horas, percebeu que estava sozinho, não sabia o motivo, mas por alguma razão todos tinham sumido de sua vida e só restará ele. Diante da idéia tenebrosa, desesperou-se, gritou, chorou, ficou até depressivo, mas com o passar dos dias acomodou-se e até imaginou estar preparado para a situação, pois há tempos já vivia isoladamente ensimesmado.

Tentou olhar por um outro prisma, pensou que agora era livre para fazer o que quisesse, ninguém iria o recriminar, não precisaria de dinheiro e teria todo tempo e espaço do mundo. Sua primeira aventura foi uma idéia simples de um grande comilão, percorreu vários supermercados comendo guloseimas das mais caras, mas não passou nem uma hora e já estava farto e se sentido pesado. Então pensou em jogar todos os jogos eletrônicos expostos nos shoppings, jogou horas e horas até se cansar. Após algumas horas de sono decidiu fazer algo desafiador, foi andar em motos e carros caros e velozes, percorreu longas distâncias em poucos minutos, mas tão breve se cansou da velocidade. Foi então que quis um desafio maior, decidiu pilotar um avião, começou com um pequeno, e após alguns dias já tinha dominado o negócio.

Foi assim que passou semanas e semanas sem se lembrar que estava só. Mas foi em uma manhã bem clara e quente, daquelas em que as pessoas saem bem cedo e caminham pelas praças de suas cidades, enchendo-as de movimento e som, foi em uma manhã como essas em que o silêncio lhe aturdiu a mente. Então, bateu-lhe o desespero, pois o silêncio gritava em sua alma e o vazio lhe apertava o coração.

Como se tivesse tido uma grande idéia, saiu desesperadamente correndo a procura de um celular, pois havia descoberto uma forma de acabar com aquela tortura, aquele silêncio, aquele vazio. Ao encontrar um aparelho jogado na calçada, correu de imediato agarrando-o, e assim que o fez logo sentou-se ao pé de uma arvore frondosa como que  pronto para ouvir o divino, de imediato ligou para um número gravado em sua mente, ouviu o atendimento eletrônico, sorriu, fechou os olhos e nunca mais acordou.

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