O Inferno é um local da Misericórdia de Deus (Parte II).

Surge a seguinte pergunta: O inferno não seria o local da Justiça de Deus para os ímpios?
Como resposta proponho mais outra pergunta: O homem seria capaz de suportar a justiça de Deus se essa não viesse suavizada pela misericórdia?
O próprio profeta diz “pelas suas misericórdias não somos consumidos” (Lm. 3.22), foi assim com o povo de Israel durante toda a trajetória, e essa misericórdia foi estendida até nós, e se não fosse por ela nós não suportaríamos a justiça de Deus, seriamos aniquilados.
Acredito sim que o inferno será um local do juízo de Deus e de tormento eterno como é descrito em AP. 20, entretanto não entendo como o homem poderá existir após tal juízo se não receber a intervenção da misericórdia divina. A misericórdia de Deus se fez carne em Cristo Jesus. Só podemos receber a justiça divina e não sermos fulminados por causa da intervenção de Cristo.

Segundo a lei romana a sentença penal era dada não de acordo com o crime que fora cometido, mas sim de acordo com a posição da vitima que sofreu o crime, ou seja, se cometêssemos um crime contra um camponês receberíamos uma sentença totalmente diferente se cometêssemos o mesmo crime contra um centurião romano. Agostinho ao trabalhar essa idéia observa que a nossa falta foi contra Deus e um Deus eterno e infinito, portanto a nossa divida é infinitamente eterna, entretanto somos finitos e temporais e para que essa divida fosse sanada era necessário que um ser eterno a assumisse como sua própria dívida. Esse foi o papel de Cristo, ele pagou aquilo que nunca poderíamos pagar, ele suportou aquilo que nunca suportaríamos que é a justiça de Deus. Cristo é a encarnação da misericórdia divina para todos os homens, pois todos pecaram e a uma se fizeram inúteis.

Se realmente se faz verdade que o inferno é um local da misericórdia de Deus não posso imaginar o quão bondoso é esse Deus que concede a oportunidade de existir mesmo para aqueles que se fazem rebeldes contra o seu próprio plano. Não acho adjetivos, vocábulos, palavras, para tentar descrever o amor e a graça demonstrada em favor daqueles que não podem demonstrar nada de bom.
Como disse Ed. René em uma pregação: “A maior prova do amor de Deus não foi dar o seu único filho para morrer, essa foi uma das maiores provas. A maior prova do seu amor foi nos amar quando ainda éramos pecadores.”
Antes da fundação do mundo Deus já tinha o miserável em seu coração.