segunda-feira


“E disse Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos Três tendas.”
Mc. 9:5ª


Antes da transfiguração, Jesus havia ensinado a multidão e seus discípulos sobre sua morte e como se tornar um verdadeiro discípulo, ou seja, Ele demonstrou uma distinção entre ser multidão e ser discípulo, conseqüentemente, mostrou o preço a ser pago.
No monte, os discípulos experimentam uma revelação sobrenatural. Experiência que os deixam aterrados. Diante daquele maravilhoso culto, embora a narrativa utilize-se da voz de Pedro, os discípulos têm uma incrível idéia: Vamos ficar aqui!

Enquanto isso, abaixo da montanha, acontecia uma situação diferente. Temos um pai desesperado, um jovem dominado por Satanás, uma multidão sem rumo, temos discípulos que não sabem o que fazer e um grupo de religiosos. O grupo de religiosos é alienado à dor do próximo e usa a situação somente como um elemento a ser discutido religiosamente e academicamente.
Cristo, após receber toda confirmação não só de Elias e Moisés, mas principalmente do Pai, sobre quem Ele era e sobre sua missão, desce de uma atmosfera “extasiante” e segue para uma outra realidade, totalmente caótica, concentrada abaixo da montanha.

A proposta de Pedro é a proposta da acomodação, é a proposta da fuga do papel do discípulo. É muito mais do que fazer tendas e ficar na montanha, a proposta é fugir da negação de si e da tomada da cruz, é a tentação de reter a revelação e a benção da presença de Deus para si, sem se importar com a conjuntura social.
A réplica do Mestre é: “Vamos Descer. O nosso lugar é o povão, é o pai desesperado, é o jovem dominado pelo diabo, são os discípulos incrédulos, são os religiosos vazios de verdadeira espiritualidade. A minha igreja é como vento, não sabe de onde vem e nem para onde vai, ela não é local é sim universal.”

A sugestão dos discípulos demonstra a essência da igreja local: “façamos tendas.” Em outras palavras: vamos ficar aqui no nosso gueto. Temos tudo o que precisamos: revelação, glória, paz, Cristo. Pra que sair? Pra que enfrentar o caos?
A resposta de Cristo é a compreensão máxima da revelação e confirmação do chamado de Deus. É a percepção de que o conhecimento de Deus só é válido se está se fazendo presente na sociedade.

Os discípulos pedem tendas na montanha.
Cristo pede a cruz entre o povo.

Um comentário:

  1. Na verdade não queremos sair da zona de conforto. Porque a caminhada nos leva ao deserto e o deserto nos traz dor e preocupação. Mas o que será de nós quando nos encontrarmos com Ele? O que poderemos lhe entregar? Deus está cansado de tendas vazias de amor, de compaixão e de temor. Fora delas o povo grita, geme e clama por socorro.
    "Quando a igreja não invade o mundo, o mundo invade a igreja, e é um desastre."

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