Ele não quer mais caminhar só

Lágrimas caem dos olhos daquele que caminha. Eis o jovem, caminhando, pensando, vivendo. Ele não caminha apenas por que gosta, mas caminha por não ter outra opção. Talvez lhe fosse melhor correr, mas nem isso pode. Então, ele caminha. Caminha e chora, pois sente-se só.

Ele passa pela praça e não encontra mais aquele velho senhor alimentando os pombos. O que ele encontra é só um banco vazio. Assim o banco fica vazio e sua vida meio sem sentido, pois apesar das diferenças aquele velho senhor completa parte do mundo do jovem.

É ruim quando se tem que tomar todas as decisões sozinho, ainda mais quando se é criança. É ruim quando se tem que crescer antes da hora, é ruim ter que caminhar só, sem ter com quem conversar, mesmo que seja um percurso curto. É melhor dois do que um!

O banco da praça está vazio. O senhor se ausentou por um percurso e longo é o período. O Jovem caminha pensando como tudo poderia ser diferente se houvesse um encontro singelo, mas que fosse singular. Mas por que isso não acontece?

Talvez exista um grande desencontro. Talvez enquanto o jovem passa pela praça o senhor está na casa, e quando o senhor está na praça o jovem está sonhando.

Quem sabe essa seja a resposta, ou quem sabe, esse seja apenas um pensamento daquele que chora enquanto caminha.

Ele não quer mais caminhar só.
Ele não quer mais sentar só na praça.
Há um desencontro nessas vidas,
Marcado por um descompasso do tempo.

Esse texto faz parte da série "O Senhor e os pombos" não deixe de ler os outros textos