LUCAS: 4.38-44: O culto que faz sentido!

Lucas nessa perícope mostra-nos o duelo entre a prática da espiritualidade e a espiritualidade prática. Ele revela isso através da continuação de sua história e dos eventos ocorridos nela. Lucas ressalta que o ponto de partida de Jesus é a Sinagoga, ele havia acabado de participar de um culto com os seus patrícios, e partindo daí ele faz o que ele fez. Ora, o culto é a ferramenta prática onde podemos desenvolver nossa espiritualidade, é o momento da transcendentalidade, em algumas religiões, ou até mesmo no protestantismo, há uma certa valorização do êxtase em detrimento da própria realidade, dessa maneira a prática da espiritualidade no culto se restringe apenas a um momento fora da realidade humana.

Todavia, o que Jesus nos apresenta é inovador, pois o texto nos relata que ao sair da sinagoga, Jesus cura, e cura multidões, Ele também expele vários demônios e Lucas nos informa que ele permanece entre a multidão sanando suas necessidades até ao raiar do dia. Jesus repreende a doença, pois sabe que essa chaga não é propósito de Deus, não foi pra isso que Deus criou o homem. Ele expulsa os demônios, pois o homem não nasceu para ser escravizado pelo mal. Ele permanece com o povo até o amanhecer do dia seguinte, pois Ele via as multidões como ovelha que não tem pastor (Mc 6.34).

Após praticar sua espiritualidade na sinagoga, Jesus torna essa espiritualidade prática na sua realidade, pois o que Lucas nos revela, é que o culto a Deus não esta de maneira alguma desconexo da realidade, pelo contrário, todo culto a Deus deve desembocar no próximo, pois Ele não é um Deus desconexo da realidade, Ele é o Emanuel (Deus conosco), Ele é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, Ele é Jesus o nazareno Filho de Deus que prática sua espiritualidade fazendo dela uma espiritualidade prática.