O MENTIROSO

Se fôssemos sincero em nossa pesquisa e análise, perceberíamos que nem todas as mentiras que proferimos é fruto de uma falta de caráter. Com exceção dos gravíssimos casos de mitomania, podemos perceber que muitas das nossas mentiras sempre tem uma justificativa mais profunda que simplesmente um desvio de caráter.

Um exemplo clássico é quando você encontra um sujeito que logo lhe segura pelo braço e te abraça como se fosse seu melhor amigo. Ao olhar pra ele, além do espanto, você percebe que não faz a mínima idéia de quem seja, ao invés de lhe perguntar o nome e de onde se conhecem, um bom mentiroso finge que realmente o conhece, devolve o abraço forte com um outro abraço forte e conversa como se realmente soubesse tudo sobre ele.

Ora, por detrás dessa mentira, pode-se ver coisas profundas, como, o medo de entristecer a outra pessoa, medo de mostrar-lhe que ela não ficou registrada no seu banco de dados mental, ou se ficou foi deixada nas caixas que dificilmente são usadas.

Outro exemplo de preservação do outro via mentira, é quando um grande amigo seu lhe pergunta sua opinião sobre alguma coisa que ele mesmo fez com muito empenho na qual se orgulha muito. Como um bom amigo que você é, sua resposta é a padrão, diz que ficou ótimo, maravilhoso, nunca viu coisa igual, quando na verdade achou horrível, fraco, uma verdadeira porcaria.

Nesse caso a mentira é usada por dois motivos: O primeiro é o de preservar o amigo, não lhe ferindo os sentimentos, deixando que ele se sinta bem com o que produziu, mesmo que seja algo horrível. O segundo motivo é o da auto preservação, ele é seu amigo e sua amizade é mais importante que uma opinião sobre algo tão ínfimo, nesse caso, você mente para manter-se com o prestígio em alta, para que a relação de vocês permaneça numa boa.

Sejamos bem sinceros, a verdade é que todos nós mentimos. Isso é o obvio. Seja pra nos proteger, pra proteger o outro, por medo, por falta de identidade, enfim, todos mentem. Não sabemos lidar com a sinceridade. Ela por vezes nos dói ou dói no próximo e em alguns casos dói nos dois, mesmo que seja dita da forma mais branda, parafraseando meus amigos “a mentira consola, mas a sinceridade edifica” só que dói.

Portanto encontramos uma boa justificativa para mentir, mentimos para consolar já que não queremos causar desconforto em ninguém, principalmente pra nós. Mas não seja tão legalista ao ponto de achar isso tudo um grande pecado, pois são pequenas as mentiras de cada dia, pequenas como: fingir que se lembra da pessoa mesmo sem conhece-lá, dizer que está doente para não ir a uma reunião ou faltar em algum compromisso, falar que foi culpa do transito a causa do seu atraso, que o namoro terminou mas serão bons amigos, que apesar do soco está tudo bem não há ressentimento algum, que ela não está gorda é só o vestido que encolheu demais, enfim, o feio não é mentir e sim não ser sincero na mentira.