Há entre os cristãos uma
tendência a abraçar de forma prática uma teologia da retribuição, pautamos o
nosso relacionamento com Deus partindo de uma premissa retributiva, se formos
bons Ele será bom conosco, se formos maus, Ele será mal conosco também.
A teologia da retribuição se
apresenta na bíblia principalmente nos escritos de Moisés, onde a obediência a
lei era seguida por promessas de bênçãos da parte de Deus e a desobediência a lei
seguida pelo castigo divino. Todavia, deve-se entender que isso era uma
promessa para o povo, se o povo cumprisse a lei todo o povo seria abençoado e
se o povo descumprisse a lei, todo o povo seria castigado. Mas também é preciso ressaltar que algumas
vezes por conta do pecado de uma pessoa todo o povo era castigado, conforme
exemplo de Acã (Josué 7) e também pela justiça de um só homem todo o povo era
poupado, exemplo quando Moisés intercede pelo povo (Ex. 32). Mas a retribuição
está ligada mais a um caráter coletivo do que individual todo o povo era
abençoado assim como todo o povo era castigado.
Quando nós transferimos essa
relação de justiça e benção, pecado e castigo, da teologia retributiva de
Moisés para o nosso cotidiano individual ou nossa experiência com Deus, sem
levar em consideração o contexto de povo, nós acabamos por cair em uma teologia
que favorece alguns e desfavorece os outros, julgando que os que são agraciados
o são por que são obedientes e se esforçaram para isso e os que não são, o são
por não serem obedientes, mesmo sendo o contrário muitas vezes. Essa premissa sustenta
situações onde em uma mesma igreja há lideres com muito e ovelhas com pouco ou
um contexto de apatia e indiferença com o sofrimento alheio, visto que partindo
desse pressuposto o sofrimento do outro é fruto da desobediência a Deus.
A justiça divina é sim de fato retributiva,
mas não pelo que fazemos, pois o que poderíamos dar a Ele que não seja dEle
mesmo? Ou qual boa ação de obediência faríamos a Ele se somos maus e todo ato
de bondade da terra vem do próprio Deus?
Os que afirmam que a justiça de
Deus é retributiva a partir do que fazem estão certos ao reconhecerem a justiça
retributiva de Deus, mas errado ao afirmarem que a retribuição está ligada aos
nossos atos. Dessa forma anulam a graça, voltam para a lei e tentam com suas
ações manipular a Deus, como que se dizendo: “Olha, eu fiz tudo certo, agora
você tem que fazer a sua parte”.
Deus age retribuitivamente, mas
não aos nossos atos e sim a obra do seu Filho Jesus Cristo, pois Ele como cordeiro
sem mancha, antes da fundação do mundo saciou a justiça divina, retribuiu a
Deus o que não conseguiríamos retribuir, pagou todo o escrito de divida que
marcava contra nós.
Quando Deus nos retribui com
bondade, o faz pela obra de Cristo. Quando Deus nos retribui com amor, o faz
pelo sacrifício do cordeiro. Quando Deus nos retribui com paz, o faz por que o
filho de Deus nos deixou em paz com a Lei.
Portanto, se você não tem nada a
oferecer a Deus, ofereça o seu clamor pelo sangue de Cristo. Se você não tem bens
para oferecer a Deus e tentar comprar seu favor, se apegue ao cordeiro, é de
graça e para todos que clamam. Se você não consegue cumprir nenhuma das leis
imposta sobre você, se não consegue amar, se não consegue acertar e teme o
castigo divino, se apegue a Cristo e na transformação proveniente da cruz, pois
Ele é o verdadeiro consolo para os que nada tem há oferecer para Deus.
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