Santidade é uma palavra que resume
o livro de Levítico, um dos pilares da fé judaica. O povo é chamado para a
santidade, para serem separados e isso não ocorre apenas por uma condição moral
ou legalista, mas dois fatores são importantes para a construção desse modo de
viver. O primeiro fator era a consciência de que Deus estava no meio do povo, portanto,
não se podia ter em sua presença nenhum aspecto de impureza, seja promovida
pelo pecado, pela morte ou contaminação. O segundo fator era a construção do
ambiente santo para a vinda encarnada do messias, pois com diz o pastor
Ariovaldo Ramos: “Através de Israel Deus
tem uma missão na história para o bem da humanidade. Através da Igreja Deus tem
uma missão na humanidade para o bem da história”. A missão de Israel era
trazer o messias para a história e a missão da igreja é levá-lo para a
humanidade.
Por essa missão, o povo
necessitava habitar em um ambiente santo, pois é nesse ambiente que o Filho de
Deus iria nascer para salvar a humanidade e trazer redenção para a história. O
povo precisava ter a consciência da santidade de Deus e de como Ele rejeita
toda a impureza.
Em resumo, a lei dada por Deus e
a lei cerimonial concernente ao culto, se fixava sobre a premissa de que quando
algo puro entrava em contato com algo impuro, ele se tornava impuro, ou seja, o
puro (consagrado) não tinha poder em si para purificar o que era impuro
(profano), essa síntese fica bem clara em Ageu 2. 12-13.
O conceito de santidade no povo
de Israel e principalmente no livro de Levítico, vem de fora para dentro, é uma
transformação externa que acontece do lado de fora do coração do povo. Por essa
razão existia um sem números de leis e ritos, o que levou o povo a cair em um
legalismo e uma vida de aparência, onde com as mãos adoravam a Deus, mas de
coração estavam bem distantes. Devido a isso, o profeta vislumbra o dia onde o
coração de pedra será retirado e em seu lugar será posto um coração de carne,
isto é, a transformação partirá do coração.
Em Cristo e com sua obra, juntamente
com a doação do Espírito Santo aos que creem, tem-se outro conceito de
santidade. Não se tem mais um sem número de regras ou leis cerimoniais, Deus
continua entre o seu povo, agora chamado de Igreja do Senhor, e continua
esperando pureza e santidade dos seus filhos. Todavia, em Cristo e através do
Espírito Santo, santidade vem de dentro pra fora e não mais de fora pra dentro.
Ela nasce no coração daqueles que creem e nasce por conta do sacrifício, pois é
ele que nos torna santos.
Por essa razão, no Novo
Testamento não se tem um livro a semelhança de Levítico, cheio de leis e formas
para o culto a Deus. O livro no Novo Testamento que corresponde a esse do
Antigo é o livro de Hebreus que ressalta a obra e o sacrifício de Cristo como o
mais poderoso e eficaz.
Tamanha é a força desse
sacrifício, que a síntese da lei muda, pois agora o que é puro ao entrar em
contato com o impuro, não mais se torna impuro como antes, todavia, pelo poder
do sangue de Cristo, purifica o que antes era impuro.
Cada cristão é um agente
purificador do seu ambiente, pois carrega em si a santidade dada por Deus. Por assim
ser, onde o cristão toca é purificado, o que o cristão fala é carregado por
pureza, aonde o cristão vive o que é impuro torna-se puro e o que era profano
torna-se sagrado.
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