quarta-feira

PERSONAGENS DA MINHA INFÂNCIA

Existem pessoas que marcam as nossas vidas, marcam sem saber e muitas vezes sem querer marcar deixam marcas que não se desmarcam nunca mais.  Passo a citar algumas dessas pessoas:

Lembro do Sr. Valdecir, dono do bar, deixava minha família comprar fiado e todo mês a conta vinha alta por que o caçula aqui comprava muito chocolate, mesmo com a ordem de não deixar que eu pegasse mais chocolate, o Valdecir sempre mostrava a malemolência brasileira permitindo um docinho a mais.

Lembro também do Mané ou Emanuel, ele vendia cocadas e pé de moleque, era alto, muito gordo e peludo, vivia sempre sem camisa, o que me fazia comer os doces com atenção, pois sempre pensava que iria achar pêlos na minha cocada.

Do lado de sua casa tinha um centro de macumba “Íle de Savalu” , era um mistério para todos os meninos da rua e quando a bola caía lá ninguém tinha a coragem de pegar. Hoje me arrependo de não ter pulado naquela casa e ter descoberto o que minha imaginação iria aprontar diante de tamanho mistério.

Em falar em bola, lembro do Sr. Fura bola, ninguém nunca o viu, nem sequer ouvimos sua voz, mas todas as bolas que caíam na sua casa eram furadas e colocadas na lança do portão. Talvez fosse um sinal e rapidamente aprendemos a lição, não pedíamos mais a bola de volta caso caísse em sua casa, mas também nunca deixamos de usar seu grande portão de madeira como gol.

Lembro do Eduardo ou como era chamado cotidianamente, era o cara bom em tudo, tudo que ele disputava ele era o melhor. Era o melhor no futebol, no taco, em bater figurinha, em soltar pipa, andar de patins, vôlei, cajada, pega-pega, esconde-esconde, corrida, queimada, elástico, peão, enfim, ele era bom em tudo, incrívelmente bom em tudo.

O  tinha um cachorro chamado sheik, toda vez que me via na rua tentava agarrar a minha perna pensando que era uma cadela. Uma vez ele conseguiu e me fez passar a maior vergonha no meio da rua. Mesmo tendo hábitos meio estranhos, todas as crianças da rua, gostavam dele, na sua morte fizemos uma mini procissão para enterrar o bichinho.

Lembro da Dona Jura, ela tinha seis filhas, por isso sua casa vivia cheia de rapazes, eu ficava lá também. Lembro que todas as noites apostávamos nossas economias na jogatina, modéstia parte eu era craque no pife-pafe, canastra, truco. Ganhava todas com o meu parceiro Douglas mais conhecido como Dumbão por causa das orelhas.

Não posso esquecer do Rafael vulgo Coxinha me acompanhou por todo ensino escolar, éramos grandes parceiros, mesmo deixando ele apanhar sozinho em uma briga que eu havia comprado, mesmo abrindo sua cabeça fazendo-o tomar oito pontos, mesmo zuando-o constantemente, continuava meu amigo. Na nossa sala tinha a Débora, menina mais linda do primário, gostava muito dela, mas ela preferia o coxinha, ta aí explicado o porque fiz o que fiz com ele.

Lembro de tantas outras coisas, momentos e pessoas que me fazem perceber que essa vida deve ser vívida de forma profunda e que não existe tristeza maior do que viver sem deixar marcas profundas nas pessoas, viver sem ser lembrado, sem deixar saudades. Sinto saudades deles, gosto de recontar minhas aventuras infantis, aprendi com todos, aprendi a grande lição da vida, aprendi a tentar viver deixando saudades.

4 comentários:

  1. esse negocio de amigos, infacia,saudade é algo muioto interessante... A vida tem que ser vivida com intensidade e com emoção, devemos deixar amigos onde quer que passamos, a saudade faz parte do nosso crescimento e apartir dai olhar pra tras e lembrar de tudo de bomq ja vivenciamos e assim prosseguir para novas amizades e novas saudades!!

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  2. Quem viveu e não deixou saudades, não viveu!
    auehauea Raxei o bico em algumas partes do texto!
    até mais MACACO, PELO NA PALMA DA MÃO!!!

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  3. Mandou bem!! Saudade é ruim pq já não tem mais quem o deixou, mas é ótimo pq foi profundo enquanto participou da sua vida! Como disse no texto, são marcas eternas!
    Abraço!

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  4. Meu Deus, o coxinha foi a primeira vítima do "Grande Bullynador"

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