sexta-feira

As Curvas do Poeta


Ao nascer se deparou com as curvas da vida
E a vida sorriu para o homem das curvas
Vivendo, viu curvas sem limites
Mas sem limites também eram as curvas que criava
Tantas vezes esbarrou na curva da dor, da solidão, do fracasso
Mas nas curvas de concreto muitos viram dor se transformar em arte,
solidão em monumentos e frustrações em relíquias
Para muitas curvas desencontradas sorriu
E os desencontros transformaram-se em curvas encontradas no sorriso de
quem contemplava
Na curva da arte construiu museus
Na curva da vida tornou-se um museu vivo
Em cada construção curvada, revelava a mente de um arquiteto
E o Arquiteto a quem toda a construção se curva, revelava a matriz inspiradora
Replicava a complexa arte que lhe via os olhos
E os olhos complexos ansiavam pela plena arte
Na mente se imaginava o belo, o perfeito e o inesperado
Na mão se moldava o cimento, a tinta e o lápis
Sustentou grandes prédios em pequenas pilastras
E em qual pilastra sustentou o grande edifício chamado vida?
Desafiou a tradição e a tradição sorriu para ele e ele sorriu de volta
Somou a curva do horizonte, a curva do oceano e a curva do planeta
E o resultado foi mais de um século sem se curvar para o comodismo
Mas ao se deparar com a morte, viu a última curva da vida
Então enfim, o poeta da curva curvou-se em paz.

4 comentários:

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  2. Fala Calebe!
    Parabéns pelo Blog.
    Bem, quanto ao final da homenagem ao arquiteto falecido, confesso que fiquei a pensar em algumas coisas e gostaria de, com respeito e carinho, compartilha-las com você.
    Você faz uma pergunta interessante no final: "E em qual pilastra sustentou o grande edifício chamado vida?", e penso que é a resposta a ela que faz com que pensemos se ele "se curvou em paz" ou não...
    Não sei se deu para entender (e se não deu, a culpa é toda minha..rsrs), mas, embora seja impossível sabermos se Niemeyer está em paz ou não (na verdade, nem estou nem um pouco preocupado com isso...), mas o que eu acho inusitado é a admiração que muitas pessoas sentem por ele. Essa é a minha curiosidade. Ok, como arquiteto (nem todos o consideram) e como "artista das curvas", eu até entendo, mas não consigo entender como alguém que, no conforto de Copacabana e de Paris, admirava o comunismo (o regime mais covarde e mais assassino da história) e elogiava o um assassino como Fidel Castro possa ser considerado um exemplo. É bom lembrar também que as curvas que ele fazia (nada populares, diga-se de passagem) custava milhões aos cofres públicos...
    Enfim, não sei com certeza em qual pilastra o Niemeyer sustentou sua vida, mas analisando as palavras dele e as pessoas que ele considerava como herói, não sei como ele "curvou-se em paz".
    É isso, se não achar conveniente, por favor, fique a vontade para remover esse comentário.

    Um grande abraço! Que Deus o abençõe!

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  3. Fala Juninho... que saudades mano..

    Caro acho muito legal sua análise, não me propus olhar por esse lado, que faz muito sentido, mas sim pelo lado artístico. Claro que uma coisa não justifica a outra, mas tmb não excluí. De fato a pergunta foi bem proposital "em qual pilastra sustentou a sua vida?" Esse é o limite de onde posso ir, depois disso já não sabemos..

    Mas obrigado pela contribuição, me deu até uma ideia para um outro final, talvez ao invés de: "Então enfim o poeta da curva curvou-se em paz" poderia ser "Então enfim, o poeta que dominou a curva curvou-se."

    Abraços e mais uma vez obrigado pela rica contribuição.

    Saudades e um abraço...

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  4. Paulinho Alves vc foi banido de vez do meu blog... kkkkkk te amo mano mas vai zoar em outro lugar... kkkkk

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